Friday, February 13, 2009

Ponderações

Havia mais de um mês que eu não via aquela mulher pelas ruas.
Um mês sem ela e aquele nórdico que vinha andando com ela.
Havia mais de um mês que eu não via sequer o rapazote que parecia um cãozinho pedindo a atenção da mulher fria e olhar predador.
Um predador determinado jamais deixaria outro predador tomar conta de seu território.
Algo havia acontecido!
Por mais que eu tenha derramado sangue nas ruas, ela continuava desaparecida e as ruas pareciam mais perigosas.
Predadores inescrupulosos pareciam saltar das sombras em busca de qualquer corpo, sangue ou alma.
Predadores esses que começavam a me dar trabalho.
Não me bastava outros tipos de inquisidores, agora eu estava tendo que enfrentar seres que conheci apenas no meu local de origem.
Meu verdadeiro lar, no qual eu era liberta e desejava tanto sangue quanto esses predadores que agora enfrento.
O vento batia em meu rosto e eu podia ver ainda resquícios do estrago de uma grande explosão.
Meus dentes rangiam e minha bestialidade urrava em minha alma.
Nada.
Onde estava aquela mulher?
A constelação do caçador exigia que eu seguisse e fizesse o que eu devia fazer.
Mergulhei.
Escutei gritos de terror.
Meu corpo estremecia.
O sangue jorrava para dentro de minha boca, escorria pelo meu corpo.
Minhas presas mergulhavam no músculo tenro e macio.
Minhas costas retesavam ao escutar cada fragmento de ossos estalarem.
Minha ferocidade aumentava a cada som delicioso da pele rompendo contra a vontade.
Meus olhos quase se cegavam com tamanho êxtase que acalmava parte de minha bestialidade.
- Monique!!! Mooniiiqueee!!!
Minhas garras buscaram então algo mais sólido, penetrando cada local ainda intocado. Meu nariz franzia e minhas presas se faziam presentes.
Meus olhos ardiam.
Onde estava a inquiridora?
Onde estava aquela mulher capaz de parar monstros como eu?

- AAAaaaaaaaaaaaaaaaaaaaahhhhhhhhh!!!!!!!!!!!!

“Nova Orleans vem sofrido com as mortes ainda sem solução. Uma multidão se move contra o representante local, exigem uma solução. Passeatas são feitas, os mais fervorosos clamam pela liberação do que pode vir a ser uma verdadeira caça às bruxas. A um dia do dia dos namorados, as pessoas não possuem motivos para sorrir ou comemorar. Monique McArthur de apenas oito anos de idade, foi encontrada brutalmente assassinada. Os policiais ainda não deram declarações sobre a série de mortes que assola a cidade desde as festividades do Lughnasadh”.

A televisão era desligada e eu caminhei até a mesa. Meu dedo deslizava sobre algo e meus olhos esmiuçaram.
- Interessante. – murmurei – A mãe de Monique não era uma McArthur.
- Desde quando você sabe o que ela vem caçando, Alice? – Perguntou-me Anderson, percebendo algo em meu comentário.
- Você esqueceu-se de seu juramento à Geburah? – Explodiu em uma acusação formal e eu olhei para ele.
- Não e é justamente por isso que ainda não agi.
Minhas palavras frias pareciam apunhalar o coração de Anderson. Por um momento o vi sem reações e pela primeira vez eu via Geburah em um xeque no qual ele não podia me chantagear.
- Alice! – ouvi o esbravejar de Anderson enquanto eu saia da sala e meu sorriso surgiu aos meus lábios assim que fechei a porta.
- Olho por olho, Geburah. – ri baixo, acendendo um cigarro e indo ao encontro de Thorn e Jean.
Afinal... Nunca foi tão reconfortante ver Geburah de mãos atadas.