A conversa que tive com a gárgula, apenas aumentaria seus conflitos internos. Aos poucos, se eu estivesse certa, a gárgula abriria o caminho para que a verdadeira monstruosidade fosse morta.
Jean havia descoberto uma história antiga sobre gárgulas e manipuladores da magia nos tempos antigos da grande ilha. Tivemos muito tempo para pesquisar e agir, sem que Geburah se tornasse um empecilho para ambos.
Orgulhava-me ver O'Toole, agindo daquela forma.
A opressão de Geburah, poderia ser um tanto quanto deprimente.
Mas as mortes continuaram nesse meio tempo. Justiceiros surgiam, assim como vulgos caçadores de bruxas.
Não apenas vulgos, como aqueles que queríamos atrair.
- O jogo que estás fazendo é arriscado demais, Inquisidora.
Geburah resmungava enquanto eu cruzava minhas pernas sobre a mesa, vendo O'Toole ficando incomodado, pois até mesmo ele se encontrava em um conflito interno.
- Deixe-me desenhar a situação para você e Anderson. - falei de modo frio, não me preocupando com repreensões advindas dos dois. Togarini e Thorn se aproximaram daquela reunião de cúpula um tanto quanto inesperada.
- Por todos os dados que levantamos e pelos padrões que se seguiram, das mortes ocorridas nesses últimos longos meses, pudemos perceber que as vítimas possuem uma linha genealógica bem interessante.
Acendi um cigarro e percebi que os olhares estavam sobre mim.
- De um lado, possuímos uma família, que segue o padrão de sobrenome McArthur. Poderia ser um nome qualquer, mas não nesse caso em que esta árvore genealógica é tão bem conhecida por Geburah, como inquisidores que tiveram grande participação na perseguição das famílias pagãs na grande ilha.
O'Toole rangeu o maxilar e por um momento pude perceber seu incômodo, ao que eu destrinchava o caso daquela forma.
- Por outro lado, as pessoas que vem aparecendo mortas, não de forma cruel, como se destrinchadas por um demônio, que aqui diremos que é a nossa adorada gárgula... - Sorri com cruel sadismo e sarcasmo e minhas palavras e pude ver Anderson pigarreando um tanto quanto incomodado.
- Apesar de sobrenomes aleatórios... Thorn e eu descobrimos que as mortes não eram tão aleatórias assim...
Anderson franziu o cenho e ao buscar o semblante de Geburah, que ali se mantinha presente aos nossos olhos apenas, estremeceu ao que o Arcanjo cruzou os braços e fechou os olhos em resignação perante o sorriso vitorioso de Togarini.
- Geburah, não tem me repreendido, pelo simples fato de saber que as demais vítimas fazem parte da mesma árvore genealógica, Anderson... Todos os que morreram torturados depois que a gárgula começou a agir e nós cruzamos os braços, fazem parte da família Morgan. Uma família, que foi caçada pelos Inquisidores e "eliminada" - Frizo as aspas com os dedos - por serem condenados como hereges pelo Inquisidor Andrews McArthur.
Thorn não aguentou, soltando um riso abafado, encarando Anderson com um sadismo frio ao olhar...
- Justiça acima de tudo, Inquisidor... Nada mais do que isso... Não há vitórias e não há derrotas... Pois ambas as famílias, estão defendendo nada mais do que a justiça acima de tudo...
- Então... Esperaremos que eles se matem? Deixaremos a gárgula, honrar seu código de honra e matar todos McArthur existentes em Nova Orleans, para que ela vá para outro lugar? Inocentes estão morrendo...
- Inocentes? - Resmungou O'Toole - O que você faria, se a sua família fosse perseguida, fosse condenada por aqueles que acham que você é o causador de um mal que deve ser extirpado? Não estamos muito longe da linha que essas famílias seguem, Anderson...
Anderson fechou os olhos, tão resignado quanto Geburah naquela situação toda...
- O que sugere que façamos... Alice?
Aquilo foi um bálsamo para meus ouvidos...
- Esperemos.. Até a gárgula me dar o verdadeiro nome de sua criadora... Apenas após isso... Poderemos realmente agir.
1 comment:
Estou mais uma vez aqui. Acabei de ler o capítulo e gostaria de perguntar: Os Morgan ainda estão sendo caçados? Porque para mim, as vítimas eram somente entre os McArthur, feitos pela gárgula. Sei que ela também está caçando criaturas da escuridão, mas não imagino que Angela tenha ferido algum Morgan. Estou errado?
Agora, sobre a reunião, nunca pensei que Togarini e Geburah estivessem fisicamente tão contidos e polidos, calados. Lembro que Togarini sempre foi muito falador, até mesmo Geburah, com sua pose de justiceiro. E nesse capítulo eles ficaram simplesmente, demonstrando o que pensavam apenas em reações faciais.
Mas assim como eles, aguardo o momento em que Angela revelará quem é sua criadora. Aguardo o momento da Inquisidora agir...
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