Os sinos bateram por um tempo prolongado, ensurdecedor...
Milhões de vozes alcançavam o céu em um louvor irritante,
asqueroso.
Aquilo entorpecia meus sentidos e a sala voltava ao breu
antes da luz de velas, antes do sangue derramado...
Minha cabeça latejava e os sinos não paravam...
Flashs de luz cortavam a escuridão em movimentos rápidos e
meu corpo tremia de tamanha tensão que ele se encontrava.
Mais uma vez eu encontrei o corpo daquele rapaz que eu não
queria deixar sozinho naquele limbo maldito.
Voltei a recostar meus lábios aos dele sentindo aquele sabor
inigualável. Doía-me o coração ao mesmo tempo em que meus sentidos se
amorteciam.
As luzes de velas voltavam, assim como o entoar de um rito
sagrado e respeitoso.
Minhas mãos se ajeitaram ao corpo do rapaz e à medida que
meus olhos ficaram vazios eu o ergui junto comigo.
Nossos cabelos se mesclaram no negrume que possuíam e trouxeram
carícias de uma despedida prolongada que eu não queria me permitir...
Vir-me-ei e dei alguns passos, carregando-o para longe
daquele limbo, para fora daquele círculo feito em sangue e runas...
Pude ver um olhar confuso... Pude escutar as palavras que
gritavam ao peito de quem me chamou com tamanho respeito...
– Enterre-o... – murmurei depositando aos braços do homem
de traços rudes, o rapaz que eu trouxe comigo...
Sentei-me no primeiro local que encontrei e fechei os
olhos...
Ah! O doce e suave aroma das lágrimas... Como era bom senti-lo
aliado à descrença, à alegria, e a uma surpresa...
"Batem os sinos pequeninos, sinos de Belém..."
2 comments:
adoorei aque .. to seguindo, dá uma passada no meu?
beijo beijo ;*
Olá! Bem, agora fiquei mesmo confuso. Pensei na morte dos pais da Alice, mas agora ela fala de um rapaz, um rapaz que ela manda enterrar. Hum... o nome desse rapaz será revelado?
Ah, uma observação. Vc escreveu "Vir-me-ei". Não seria "Virei-me"?
Abraços...
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