Sunday, December 25, 2011

Post Mortem - VI


Os sinos bateram por um tempo prolongado, ensurdecedor...
Milhões de vozes alcançavam o céu em um louvor irritante, asqueroso.
Aquilo entorpecia meus sentidos e a sala voltava ao breu antes da luz de velas, antes do sangue derramado...
Minha cabeça latejava e os sinos não paravam...
Flashs de luz cortavam a escuridão em movimentos rápidos e meu corpo tremia de tamanha tensão que ele se encontrava.
Mais uma vez eu encontrei o corpo daquele rapaz que eu não queria deixar sozinho naquele limbo maldito.
Voltei a recostar meus lábios aos dele sentindo aquele sabor inigualável. Doía-me o coração ao mesmo tempo em que meus sentidos se amorteciam.
As luzes de velas voltavam, assim como o entoar de um rito sagrado e respeitoso.
Minhas mãos se ajeitaram ao corpo do rapaz e à medida que meus olhos ficaram vazios eu o ergui junto comigo.
Nossos cabelos se mesclaram no negrume que possuíam e trouxeram carícias de uma despedida prolongada que eu não queria me permitir...
Vir-me-ei e dei alguns passos, carregando-o para longe daquele limbo, para fora daquele círculo feito em sangue e runas...
Pude ver um olhar confuso... Pude escutar as palavras que gritavam ao peito de quem me chamou com tamanho respeito...
– Enterre-o... – murmurei depositando aos braços do homem de traços rudes, o rapaz que eu trouxe comigo...
Sentei-me no primeiro local que encontrei e fechei os olhos...
Ah! O doce e suave aroma das lágrimas... Como era bom senti-lo aliado à descrença, à alegria, e a uma surpresa...




"Batem os sinos pequeninos, sinos de Belém..."

2 comments:

Natasha Funger said...

adoorei aque .. to seguindo, dá uma passada no meu?

beijo beijo ;*

Samuel Medina (Nerito Samedi) said...

Olá! Bem, agora fiquei mesmo confuso. Pensei na morte dos pais da Alice, mas agora ela fala de um rapaz, um rapaz que ela manda enterrar. Hum... o nome desse rapaz será revelado?

Ah, uma observação. Vc escreveu "Vir-me-ei". Não seria "Virei-me"?

Abraços...